O xango de baker street
Capítulo 1
O assesino mata a menina e aplica uma corda de violino no lugar.
No teatro Sarah do Berardt, atriz francesa muito conhecida, atuava na obra: “A Dama das Camélias”. Ao final do espetáculo o Imperador Pedro II do Brasil foi saludá-la ao camarim, quém havia descido de Petrópolis especialmente. O Imperador falou que só lamentou a ausência de umagrande amiga e provavelmente uma de suas maiores admiradoras, a baronesa de Avaré, Maria Luísa Catarina de Albuquerque, cujo violino foi roubado poucos días antes e andava inconformada.
Aquele violino foi regalo do Imperador e portanto não era boa ideia chamar a polícia dado que a imperatriz não veria com bons olhos sua amizade como Maria Luísa. Sarah sugiriu contatar a Sherlock Holmes, o maiordetetive dedutivo do mundo, quem ficaria encantado de conhecer o Brasil e não se resistiría a um convite de Vossa Majestade.
Capítulo 2
Sarah do Bernardt chega no Catete ao Grande Hotel para jantar. Lá estavam aguardándola vários jornalistas e alguns nomes da boemia literária da cidade:
• O jornalista Pardal Mallet, redator da Gazeta de Notícias
• O divertido Guimarães Passos, poeta e arquivistada Mordomia da Casa Imperial, um dos funcionários públicos mais bem pagos do império e porém uns dos maiores defensores do império.
• Múcio Prado, redator e cronista social do Jornal do Commercio
• Belmiro de Almeida, criador do recém-lançado periódico Rataplan
• Eduardo Joaquim Correa, do Jornal humorístico O Mequetrefe
• Angelo Agostini, da Revista Ilustrada, que não se cansava de publicarcharges com a caricatura do imperador
• O milionário janota Alberto Fazélli, filho de imigrantes italianos e que se achava irresistível. Considerado o almofadinha mais cobiçado, Albertinho decidira que morreria velho e solteiro, de preferência em Paris.
• O jovem livreiro Miguel Solera de Lara, dono da livraria O Recanto de Afrodite, um dos pontos de encontro dos intelectuais da cidade
• Omarquês de Salles, com olheiras profundas e sempre vestido de negro, espécie de enfant gâté da côrte, leitor assíduo de seu quase-homônimo, o marquês de Sade
• O famoso alfaiate Salomão Calif, que vestia metade da cidade elegante, sem falar dos fazendeiros paulistas que viajavam para a capital só para usufruir da sua mágica tesoura.
• O dono do hotel, Aurélio Vidal,com seus amigos, que ocupavam amaior parte da sala.
A atriz entrou no salão acompanhada por seu filho, Maurice Bernhardt, um belíssimo rapaz de vinte e dois anos. O pai de Maurice era o príncipe belga Henri de Ligne, por quem a atriz se apaixonara ainda jovem. Sarah registrara o menino com seu nome apenas, como sendo de pai desconhecido. A história desse romance é digna de um melodrama. O príncipe, apaixonado, resolveracasar-se com a atriz. O tio de Henri foi procurá-la em Paris, sem que o príncipe soubesse. Numa conversa fez ver à atriz que, se houvesse o casamento, o príncipe seria imediatamente. Com o coração dilacerado, Sarah Bernhardt afastou-se do príncipe, alegando que sua carreira era mais importante. Jamais o príncipe Henri de Ligne soube o verdadeiro motivo daquele doloroso rompimento.
O cardápio, preparadopor um chef francês, Roland Blanchard, chamado especialmente para a ocasião, copiava radicalmente os restaurantes de Paris.
Os jornalistas começaram as perguntas, transformando a ceia numa entrevista coletiva. Sarah falou que achava que eles faziam perguntas demais. Para mudar de assunto, Guimarães Passos interrompeu e disse que lamentava o entusiasmo dos colegas e lastimava que seu amigorepublicano Olavo Bilac, um poeta extraordinário, não tenha podido assistir por andar escondido e sendo procurado pelo delegado Mello Pimenta, da polícia, depois de publicar um panfleto contra a monarquia.
Múcio Prado perguntou por seu encontro com o Imperador Pedro II. Sarah contou que o achou muito simpático ainda se encontrasse preocupado pelo roubo do violino Stradivarius duma baronesa amiga...
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