Nasio-J-D. A Fantasia
diretor: Marco Antonio Coutinho Jorge
J.-D. Nasio
A fantasia
O prazer de ler Lacan
Título original: Le fantasme (Le plaisir de lire Lacan) Tradução autorizada da edição francesa publicada em 2005 por Payot & Rivages, de Paris, França Copyright © 2005, Éditions Payot & Rivages Copyright da edição brasileira © 2007: Jorge Zahar Editor Ltda. rua México 31sobreloja 20031-144 Rio de Janeiro, RJ tel.: (21) 2108-0808 / fax: (21) 2108-0800 editora@zahar.com.br www.zahar.com.br Todos os direitos reservados. A reprodução não-autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação de direitos autorais. (Lei 9.610/98) O primeiro e o terceiro capítulos deste livro foram traduzidos por André Telles, sendo o terceiro uma versão revista e aumentadadas p.64-82 de A criança magnífica da psicanálise (Jorge Zahar, 1990). O segundo capítulo é uma versão revista e aumentada da quarta lição de Cinco lições sobre a teoria de Jacques Lacan (Jorge Zahar, 1993, tradução de Vera Ribeiro). Projeto gráfico e composição: Victoria Rabello Capa: Sérgio Campante CIP-Brasil. Catalogação-na-fonte Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ N21f Nasio,Juan-David A fantasia: O prazer de ler Lacan / J.-D. Nasio; [tradução, André Telles e Vera Ribeiro]. — Rio de Janeiro: Zahar, 2007. Tradução de: Le fantasme: le plaisir de lire Lacan ISBN 978-85-378-0024-9 1. Lacan, Jacques, 1901-1981. 2. Fantasia. 3. Psicanálise. I. Título. CDD: 154.3 CDU: 616.89-008.485
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Sumário
Arquipélago da fantasia, 7 A fantasia, 23 O objeto da fantasia, 61 Notas,99
Arquipélago da fantasia
Definição de fantasia * Utilidade da fantasia * A fantasia é uma defesa do eu para refrear o desejo * A fantasia é uma cena inconsciente * Em geral, as fantasias são inconscientes * Conteúdo da fantasia * Opacidade da cena fantasiada * A fantasia também pode excitar o desejo. A diferença entre as fantasias eróticas do homem e as da mulher * A fantasia é umaneblina interior que deforma a percepção da nossa realidade afetiva * A fantasia parasita nosso eu * Nossa identidade mais íntima é uma fantasia * Meu amado é uma fantasia e sou uma fantasia para ele * A fantasia está no rosto
A fantasia é o reino intermediário que se inseriu entre a vida segundo o princípio de prazer e a vida segundo o princípio de realidade. Sigmund Freud
Definição defantasia
O fenômeno da fantasia é um dos fenômenos mais espantosos da vida psíquica. Que é uma fantasia? É um pequeno romance de bolso que carregamos sempre conosco e que podemos abrir em qualquer lugar sem que ninguém veja nada nele, no trem, no café e o mais freqüentemente em situações íntimas. Acontece às vezes de essa fábula interior tornar-se onipresente no nosso espírito e, sem nos darmos conta,interferir entre nós e nossa realidade imediata. Concluímos então que muita gente vive, ama, sofre e morre sem saber que um véu sempre deformou a realidade dos seus laços afetivos.
Utilidade da fantasia
Mas por que temos fantasias? Para que servem? Temos fantasias porque temos desejos que nos agitam no mais
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A fantasia
profundo de nós mesmos, por que temos desejos agressivose sexuais que querem se satisfazer imediatamente, sem levar a realidade em consideração. Felizmente para nós e o nosso círculo social, o lobo voraz que vive inconscientemente em nós permanece tranqüilo enquanto nosso eu consegue distraí-lo projetando o filme de uma cena de caça bem-sucedida em que ele devora o seu cordeiro. Pois bem, a fantasia é isto: um teatro mental catártico que encena asatisfação do desejo e descarrega sua tensão. Que é então uma fantasia? Uma fantasia é a encenação no psiquismo da satisfação de um desejo imperioso que não pode ser saciado na realidade. Observemos porém que a fantasia pode, ao contrário, desempenhar o papel de estimulador do desejo, reavivá-lo e aumentar seu ardor. É o caso de diversas pessoas, homens e mulheres, que, para atingirem o orgasmo,...
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