Prova De Epistemologia Da Psicologia

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
Instituto de Psicologia
Graduação em Psicologia
Fundamentos Epistemológicos da Psicologia
Prof.ª Dr. ª: Wilson A. Senne.
Data de entrega: 02/12/2011
Paulo Marcelino dos Santos
Avaliação de Psicologia 2011.2

Uma questão que se apresenta e foi posta de outro modo durante as aulas de epistemologia da psicologia, e que considero importante, foi da relação entrea psicologia com abordagens cientificas de outras áreas da ciência.
A questão, de modo resumido e particularizado, poderia ser: porque a clinica médica, por exemplo, pode ser facilmente cientifica, ou tratar seu problema cientificamente, e a clinica psicológica encontra dificuldade na medida dessa cientificidade?
Uma resposta pode ser, strictu sensu, porque o problema posto para a clinicamédica é o da doença, ou ainda o do sintoma, recorte que permite isolar essa variável das outras que constituem a pessoa-doente.
Já na clinica psicológica é difícil, a quem diga que impossível, separa esse sintoma ou doença da complexidade da pessoa e das relações estabelecidas por ela.
Entretanto, ou não, até na clinica médica, a pessoa ou paciente, precisa falar o que sente e isso é grande parte doprocesso para realização do diagnostico. No entanto, o que está por trás dessa escuta do médico é: de um lado, o desejo de saber sobre a doença e de outro, todos os aparatos que amparam o fazer médico — laboratórios, instrumentos, testes “realmente” científicos, universidades etc — sobre os quais é afirmada a cientificidade, pela sociedade e pela academia, sem sobra de dúvida.
Uma reflexãosemelhante pode ser feita tomando o behaviorismo radical como exemplo, desse modo, avistamos o condicionamento operante, o esquema reforço, estimulo discrimitativo - resposta - estimulo consequente ou reforçador. Creio, a questão não é tão simples, sendo, no mínimo, a existência de milhares de “estímulos” relacionados a milhares de respostas e milhares de consequências formando uma “estruturadinâmica”, na qual se você muda um estimulo ou uma resposta ou uma consequência toda a estrutura, ação ou funcionalidade pode ser modificada. Isolar um comportamento apenas pode ser uma modalidade de ação valida para alcançar determinado fim, mas, desconhecer que esse é apenas um recorte pertencente a uma “realidade” maior é problemático, é não reconhecer que somente “as relações entre vários fatos podem sercausas de eventos” (Lewin, 1973, p. 26).
É desconhecer o que está posto na seguinte reflexão de Fritz Perls:
Somos como estamos hoje — pessoas fracionadas — pessoas divididas em porções e pedaços. E não há utilidade em analisar porções e pedaços e recortá-los ainda mais. O que queremos fazer na terapia gestáltica é integrar todas as partes dispersadas, despossuídas e alienadas do si-mesmo efazer a pessoa ficar inteira de novo. (1973 p.185)
Aí está colocado um elemento importante do problema das ciências humanas, ou da cultura, e de modo ainda mais radical da Psicologia, pois, esta problemática está em sua raiz epistemológica. É ter o ser humano, a pessoa, o organismo em relação como problema. Que grande problema para a Psicologia, não?
Dando um corte brusco na reflexão, ou nem tanto,é possível ver que fazer ou não ciência corresponde em grande medida ao arcabouço filosófico que fundamenta a visão de mundo de quem faz a afirmação; e apresenta uma tensão entre: aqueles que se constituem com base na ciência como único conhecimento verdadeiro, ou, único conhecimento valido academicamente; e os outros fundamentados na aceitação ou entendimento de outros modos e formas de conhecere se relacionar, é o reconhecimento de que ser cientifico, apenas, é estar restrito, é ter a prática engessada não podendo estar aberto a utilização de saberes e formas de atuar variados, por exemplo, elementos artísticos. Por exemplo, entre Psicanálise e Literatura — com Freud convulsionado entre o modo positivista de fazer ciência e influenciado por mitos como Psique e Édipo e por autores...