Bananas
(Maria de Fátima Gonçalves Lima)
Numa floresta encantada, morava um menino chamado Renato. Um dia, seus pais morreram e deixaram-lhe como herança apenas um cacho de banana ourinho. O garoto, desconsolado, saiu pelo mundo afora com seu cabedal de bananas sobre os ombros. Andou, andou, andou e encontrou um macaco faminto. Ao ver Renato, o macaco, aos pulos, disse:─ Menino, me dá essas bananas! ─ Não posso, papai morreu, mamãe morreu, deixaram bananinhas, posso dar não! ─ Me dá as bananas, menino, que eu te dou esta espiga de milho. Renato ficou pensativo, mas resolveu fazer a troca. Pegou a espiga de milho e continuou o seu caminho. Andou, andou, andou até encontrar um lavrador. Percebendo a presença de Renato, com a espiga de milho na mão, o lavrador parouo garoto e disse-lhe: ─ Menino, me dá essa espiga de milho! ─ Não posso, papai morreu, mamãe morreu, deixaram bananinhas. Bananinhas dei ao macaco. O macaco me deu milho. Posso dar não! ─ Me dá a espiga, menino! Estou precisando de semente de milho para minha lavoura. Eu troco a espiga por esta enxada. O garoto sentiu que a permuta podia ser proveitosa e aceitou. Com a enxada no ombro, o garotoentrou por um desviu e continuou a sua caminhada. Andou, andou, andou até encontrar o morador de uma chácara. Ao ver Renato com a enxada, o homem aproximou-se e disse ao jovem viajante: ─ Menino, me dá essa enxada! ─ Não posso, papai morreu, mamãe morreu, deixaram bananinhas. Bananinhas dei ao macaco. O macaco me deu milho. Milho dei ao lavrador. O lavrador me deu enxada. Posso dar não! ─ Me dá aenxada, menino! Minha chácara foi tomada por um mato raivoso. Eu
troco a enxada por uma espingarda. Renato pensou, pensou, percebeu que era um negócio vantajoso e fez o ajuste. Pegou a espingarda e continuou o seu destino. Agora, atravessava uma mata densa e perigosa. A cada passo, o risco parecia espreitar Renato, como uma onça pintada de sombra e medo. De repente, um ruído vindo das trevasatravessou o caminho do nosso viajante. Uma onça preparava, no salto, o golpe certeiro de suas garras sobre um jovem que cruzava a perigosa floresta. Renato, ao perceber a ameaça, puxou o gatilho da espingarda, atirou para cima, e assustou a fera. Com os olhos cheios de gratidão, surge da mata um senhor bem vestido. Era um advogado-fazendeiro que por ali andava com seu único filho. Estavamcontemplando as suas propriedades, quando foram surpreendidos pela cólera de um felino de pintas e morte. Agradecido, o advogado foi cumprimentar o rapaz. Nesse instante, percebeu que a arma de Renato era muito preciosa, pois, além de ter sido o instrumento de salvação do seu herdeiro, era uma peça de marca especial. Então, o senhor pediu ao viajante que lhe vendesse a espingarda: ─ Meu rapazinho, gostariade adquirir essa espingarda! ─ Não posso, papai morreu, mamãe morreu, deixaram bananinhas. Bananinhas, dei ao macaco. O macaco me deu milho. Milho dei ao lavrador. O lavrador me deu enxada. Enxada, dei ao chacareiro. O chacareiro me deu espingarda. Posso vender não! ─ Venda-me a espingarda meu jovem! Em troca da arma e como forma de reconhecimento pelo seu gesto de bravura, dou-lhe uma fazenda. Osolhos de Renato brilharam, o negócio não podia ser melhor. Ter uma fazenda sempre foi seu grande sonho. Sem pestanejar, aceitou com convicção. Renato agora era fazendeiro. Sua fazenda ficava no alto de uma colina, e a casa principal, toda rodeada por grandes mangueiras e outras árvores frutíferas. O vento
executava músicas que encantavam quem respirasse aqueles ares. Assim, o menino dasbananinhas possuía agora a sua fazenda Ourinhos, seu salto para a tranquilidade. ali, o garoto cresceu e tornou-se um rapaz belo e íntegro. Na vizinhança da fazenda Ourinhos, morava um Rei que, após anos de viuvez, casou-se novamente. O primeiro casamento proporcionou-lhe a maior riqueza, sua filha Luíza. Porém, a princesa não estava feliz naquele castelo ao lado de sua madrasta. Luíza, que já era...
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