Literatura Marginal E Auto-Representação Da Alteridade Em Ferréz
marginal e auto-representação da alteridade em Ferréz.
A expressão de agentes sociais historicamente subalternizados vem configurando nocampo literário uma nova construção discursiva caracteristicamente urbana: a escrita
periférica. Nosso trabalho procura analisar algumas características dessa nova/outra
textualidade a partir deduas narrativas: “Fábrica de fazer vilão”, de Ferréz; e “Algo
mudou”, de Eduardo Dum-Dum. Para tanto, contamos com o referencial teórico de
Pierre Bourdieu e a sua economia dos capitais simbólicos,bem como com a nova
leitura da diferença e desigualdade, proposta por Néstor García Canclini, e as reflexões
sobre meio e mediações nas massas urbanas, de Jesús Martín-Barbero. A representação
darealidade marginal na literatura se configura agora a partir de três elementos
estruturantes: de onde é possível falar, quem enuncia o discurso e a legitimidade da fala
ancorada na política do lugar.A partir destes elementos, a escrita periférica surge como
um discurso de agentes sociais subalternizados que desde a própria margem utilizam a
literatura como sistema simbólico na luta pela(auto)representação e pela percepção e
interferência na realidade social. Porém, a histórica desigualdade de acesso a capital
simbólico passará a exigir um a conquista de instrumentos de voz em outrosuniversos
como o campo literário. Acessando a condição de sujeito da voz através da oralidade,
para só num segundo momento apropriar-se dos capitais necessários para a expressão
escrita, esses autoresvão buscar interpelar diretamente o interlocutor através de uma
linguagem fática, e legitimar a sua fala baseados no lugar de enunciação do discurso.
Assim como em outras expressões culturaisperiféricas baseadas na oralidade, a
exemplo do Hip-Hop, a literatura marginal vai apresentar forte apelo memorialístico e
um tom de crônica urbana, buscando transferir e preservar na narrativa as...
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