Resenha: Rerum Familiarum, I, 7 - Francesco Petrarca,

Francesco Petrarca, Rerum Familiarum, I, 7 – A Tomás de Messina, contra os velos dialéticos (1350)
A carta I, 7 escrita por Petrarca em 1350, destinada a Tomás de Messina, intitulada contra os velhos dialéticos, faz parte do projeto epistolário inicialmente chamado Epystolarum mearum ad diversos líber, mas que mudou para Familiarum rerum libri, na sua versão definitiva. Foi iniciada apósPetrarca descobrir em 1345 um manuscrito contendo várias cartas de Cícero a Atíco, Quinto e Brutus. Nessa época as obras da antiguidade clássica estavam esquecidas, destinadas aos cantos menos frequentados das bibliotecas, quando muito, eram utilizadas como exercícios de gramática, pelo destaque da beleza do estilo latino com que eram escritas.
Influenciado pelas cartas Ad Lucilium, de Sêneca pela sualiterariedade e sua característica de filósofo moral. Inspirado pelo epistolário de Cícero, figura proeminente para Petrarca como representante da mais alta excelência humana. Cícero afigura a conjugação perfeita entre eloquência e sabedoria, o ideal ético e estético clássico a ser seguido no período.
Petrarca compõem as Familiares - conjunto de 350 cartas, divididas em 24 volumes na sua versãofinal – no qual se constrói uma autobiografia como figura exemplar de virtude e moral, na tentativa de resgatar a cultura clássica e o primor do esquecido latim. Desse modo, deixar o seu legado a posterioridade como modelo de sabedoria, e inteligência adquirido após a retomada do antigo ideal de virtude – virtus - ciceroniana.
Entre os destinatários das Familiares estão amigos, personagensimaginários, e até mesmo figuras póstumas, que funcionavam como uma espécie de aferidor que regulava os temas e modo como Petrarca se portava diante de seus destinatários. Contudo sempre mantendo um tom familiar e amigável, característica principal do gênero epistolar. Os temas gravitavam em torno da figura ideal, de perfeição e excelência latina e ia desde a moral, política, religião, educação atémesmo temas relacionados ao amor.
As Familiares fazem parte de suas correspondências escritas entre 1325 e 1366, chamada de Familiares [familiar], por ser semelhante a um colóquio privado, uma conversa entre amigos, que se contrapõem a disputatio, gênero utilizado largamente nas universidades da Idade Média. Que utilizava silogismos em uma espécie de torneio, no qual os dialéticos participantestinham que sustentar seus argumentos de forma convincentes a fim de persuadir o mestre ou os vários mestres presentes na presidência da disputa. O ataque ao gênero descrito é criticado amplamente por Petrarca e é o tema central da Carta I, 7 destinada a Tomás de Messina que falaremos a diante.
A Carta I, 7 intitulada Contra os velhos dialéticos é um ataque que Petrarca faz aos dialéticos dasuniversidades europeias do período medieval, principalmente no que concerne ao avanço do nominalismo da Universidade de Oxford no século XIV. Podendo ser divididos em a crítica aos acadêmicos, discussão sobre os usos da dialética, seguidos de três metáforas com o qual compara a figura do dialético: o viajante tolo, o velho que se comporta e brinca como criança, e a harmonia que decorre as estações doano. Na última parte Petrarca aconselha o amigo como se comportar ao avistar o velho dialético e seus discípulos.
Na primeira parte Petrarca diz a Tomás de Messina que não espere pela resposta do velho dialético no que refere a outra carta de Petrarca no qual ataca os artifícios e mau uso da dialética. Pois segundo Petrarca os dialéticos não seriam capaz de responder-lhes, visto que não sabem ou seenvergonha de sua própria escrita. Declaram-se sobre a tutela de Aristóteles e assim se comparam com ele, no entanto segundo Petrarca, Aristóteles além de hábil na disputa era eximo na escrita, algo que os dialéticos não eram, coisa que deveria envergonhar Aristóteles.
O prazer do dialético é a disputa em si e não a busca da verdade, aspiram à fama, o divertimento, o modo de bem viver e a...