Contextos Curriculares e Intervenções: Considerações Gerais e Um Exemplo

Universidade Federal do Rio Grande Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências

CONTEXTOS CURRICULARES E INTERVENÇÕES: CONSIDERAÇÕES GERAIS E UM EXEMPLO
Celso Luiz Lopes Rodrigues1 Resumo
O ensino precisa estar num contexto que o justifique. A tecnologia permeia a vida de todos, também dos estudantes. A escola deve inserir na sua prática o avanço tecnológico. O currículo deve incorporaraspectos dessa inserção. Apresenta-se uma visão do currículo como sistema, que troca energia com o meio, inclusive tecnológico. Mesmo assim, o professor continua responsável pelo sucesso do ensino. Comenta-se uma experiência de contextualização em nível superior, associando anos iniciais de Engenharia com a robótica educacional.

Abstract
Teaching must be in a justifying context. Technology ison everyone's life, also of students. School must insert technological advances in its practice. Curriculum must include aspects of that insertion. A view of curriculum is presented, as a system that exchanges energy with environment, even technological. But teachers remain responsible by the success of teaching. A contextualizer experience is commented, in an undergraduate Engineering course,associating fresh years with educational robotics.

1. A contextualização do ensino

Apesar do avanço da ciência e da tecnologia, certos espaços da prática educativa prosseguem
descontextualizados e reprodutivos. O que fazer para reverter este processo? Uma primeira questão que se coloca é se há um tal "processo" e se ele deve ser revertido. Ao longo das últimas décadas, como aluno, e comoprofessor, tem-se a impressão e ouve-se dizer que o ensino só piorou. No entanto, os egressos da Universidade NÃO têm sido piores, nem melhores. Eles têm se dado bem com a realidade que encontram. Embora sem dados sobre isso, parece que o insucesso é até menor do que antigamente, pelo menos de parte da Universidade. Com toda a crise econômica (permanente; há uns quarenta anos, ou mais, que só se ouvefalar em crise), os formados se colocam, de um jeito ou de outro, melhor que os não formados. Nada mais falso do que dizer que "na faculdade não se aprende nada; é na 'vida profissional' que se vai, de fato, aprender". Ora, isto só é possível graças à formação recebida na "faculdade".

1 Engenheiro Civil (UFSM), Mestre em Ciência da Computação (UFRGS), doutorando do PPG Educação em Ciências(Universidade Federal do Rio Grande - FURG). E-mail: dmtcllr@furg.br . Professor Assistente do Centro de Ciências Computacionais – FURG ( http://www.c3.furg.br )

1

2. Aprendizado conceitual ou significativo diante da tecnologia
O que se pode indagar, adicionalmente, é o quanto se pode avançar na exposição dos estudantes às facilidades tecnológicas aplicadas ao ensino ou à própria tecnologia emgeral, nas suas mais diferentes manifestações, de modo a tanto apresentar o conteúdo de forma eficiente (cada vez mais eficientemente), como levar os estudantes à capacidade de desenvolver seu próprio conhecimento. São duas dimensões um tanto competitivas, principalmente em relação ao tempo disponível, mas igualmente exigidas, seja pelas necessidades operacionais do processo de aprendizado, sejapelos programas extensos. E seja na escola básica, seja na superior, a prática dita "reprodutiva" revela-se, então, necessária. Como vai-se fazer saber ao garoto de dez anos que os direitos humanos, que Hamurábi, que o meio ambiente, que a raiz quadrada, que o DNA, que o HIV, que Rio Grande, São Paulo e Paris, que isso e mais aquilo, se não pela apresentação e pela doutrina? Vai-se reunircinquenta alunos em um laboratório até redescobrirem que F = ma? Que Dom Pedro I proclamou a independência do Brasil? Ou que a velocidade da luz é o inverso da raiz quadrada do produto da permissividade pela permeabilidade do vácuo, descontadas as possíveis variações quânticas? Com uma base de fatos de várias extrações (científicas, históricas, filosóficas) é que se poderá então passar para uma fase em...