Dois Dogmas Do Empirismo

Páginas: 38 (9378 palabras) Publicado: 7 de noviembre de 2012
Introdução à lógica
Desidério Murcho
Universidade Federal de Ouro Preto

1. Lógica e a natureza da filosofia
Estudar filosofia é bastante diferente de estudar história ou física. Estudar estas disciplinas é sobretudo uma questão de compreender os resultados estabelecidos pelos historiadores e pelos físicos, e raciocinar sobre isso. Mas em filosofia não há resultados
desse gênero para quepossamos limitar-nos a compreendê-los.
Os problemas mais importantes da filosofia estão em aberto; ou seja, não há um
consenso entre os especialistas quanto à sua solução. Por isso, há quem considere que
não é judicioso estudar filosofia do mesmo modo que se pode estudar história ou física.
O ensino destas últimas disciplinas consiste quase exclusivamente em compreender os
resultadosconsensuais dessas disciplinas; não se aprende propriamente a fazer história ou física. Isto porque se considera que para poder fazer tais coisas é preciso estudar
primeiro durante muitos anos para se conhecer todos os resultados consensuais dessas
disciplinas.
Mas em filosofia quase não há resultados consensuais. A maior parte do que
temos em filosofia são problemas em aberto; diferentes filósofosapresentam diferentes
respostas, mas nenhuma ganha o gênero de consenso que há na história ou da física.
Sobre o livre-arbítrio, por exemplo, ou sobre a natureza da arte, temos várias respostas
filosóficas incompatíveis entre si, sem que haja um consenso sobre qual delas é a mais
plausível.
Assim, é avisado aprender a discutir os méritos e deméritos das diferentes respostas dos filósofos, aoinvés de nos limitarmos a compreendê-las. Ora, aprender a
discutir é em grande parte aprender a raciocinar e a argumentar. E isso é precisamente
o que a lógica aplicada tem por missão ensinar-nos a fazer. Daí a importância da lógica
na filosofia. Ou seja, se queremos não apenas compreender as idéias dos filósofos, mas
também ganhar a autonomia para avaliar a sua plausibilidade, a lógica é uminstrumento fundamental.
A lógica estuda alguns aspectos do raciocínio e da argumentação; estuda aqueles
aspectos que fazem um raciocínio ou argumento ser bom ou mau. Não estuda todos os
aspectos do raciocínio e da argumentação, contudo: os aspectos históricos, estéticos,

Universidade Federal de Ouro Preto
Introdução à lógica | Desidério Murcho

psicológicos, patológicos, etc., do raciocínio eda argumentação não são estudados pela
lógica.
Na verdade, mesmo quem não tem interesse em filosofia poderá ter interesse em
lógica — porque, afinal de contas, todos raciocinamos e argumentamos todos os dias,
sem, contudo, sabermos muito bem se estamos a fazê-lo bem ou mal. Isto não significa
que quem não sabe lógica não sabe argumentar. Significa apenas que não sabe argumentar tão bem comosaberia se soubesse lógica. Tal como uma pessoa pode falar sem
saber gramática, mas não saberá falar tão bem quanto saberia se soubesse gramática.
Um conhecimento meramente intuitivo da gramática é com certeza suficiente para a
nossa vida quotidiana, mas dificilmente o será para um poeta ou para um romancista
ou para um jornalista. Analogamente, um conhecimento meramente intuitivo doraciocínio e da argumentação é com certeza suficiente para a nossa vida quotidiana, mas
dificilmente o será na filosofia — porque neste caso tratamos de matérias muitíssimo
mais difíceis e conseqüentemente os raciocínios e os argumentos tornam-se muitíssimo mais complexos.

2. Argumentos
Chama-se “argumentação” a um encadeamento de argumentos. Mas o que é um argumento?


Um argumento é um conjuntode proposições em que se pretende justificar ou
defender uma delas, a conclusão, com base na outra ou nas outras, que se chamam premissas.

Um argumento tanto pode ter só uma premissa, como várias. Contudo, só pode ter
uma conclusão.
Vejamos dois exemplos de argumentos muito simples:
A Ana foi ao cinema porque se tivesse ido à praia teria levado a toalha.
Só as intenções determinam o...
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