El Esperpento El Divinas Palabras

Inicio esta pesquisa a modos de dicionário para definir o termo esperpento e a partir das elucidações conquistadas, elaboro então esta prova dedicada à obra-prima de Valle-Inclán, Divinas Palabras, com o apoio dos comentários de Ruiz Ramón e o ensaio de David Arrigucci Jr., conforme as recomendações recebidas, além de outras bibliografias dedicadas ao estudo do Teatro Espanhol, e demaiscomentários que julgo relevantes.
O esperpento é caracterizado pela deformação grotesca da realidade; Desumanização, distanciamento. Personagens deformados, caricaturizados, coisificados, animalizados ou como fantoches. Tais personagens não possuem força por si só, mas aparecem como manipulados, manejados. A figura humana dos personagens é vista sob uma perspectiva plástica e grotesca. Para descrevê-los,técnicas cubistas são utilizadas, demonstrando estreita relação entre o esperpento e o movimento expressionista, neste sentido, Valle-Inclán se sente herdeiro e continuador de outros artistas como Quevedo e Goya. E ainda encontramos uma relação com o cinema, que se dá pelo uso da técnica do primeiro plano. O autor foca a realidade como um demiurgo (criador) totalmente distanciado daquilo quemostra em cena, não se identifica com nada, superando a dor, a compaixão e o riso. A ação dramática e os protagonistas são trágicos, como projeções de herois clássicos vistos de uma maneira totalmente deformada, se vê de forma cômica aquilo que na realidade é trágico.
Há um compromisso crítico muito marcado por parte do autor diante da realidade. Daí, surge a visão de Valle-Inclán sobre uma Espanhadisforme que se deforma mais uma vez nas cenas, o realismo como princípio estético é superado. Logo se projeta uma visão subversiva e desacralizada da realidade espanhola. Junto à novela "Tirano Banderas", "Martes de Carnaval" e "Luces de Bohemia" são os melhores exemplos do que o próprio autor chamou de esperpentos.
Os contrastes são abundantes, especialmente entre o trágico e o cômico; Alinguagem é caracterizada por uma mescla de tons, desde a linguagem mais popular, até a tradicional ou culta. Propositalmente se produz uma descontextualização conduzida com humor, sátira e ironia, o humor é amargo, denunciante, negro. A morte é desdramatizada, e assim as características do esperpento criam o ambiente da obra com imagens literárias, plásticas, aludindo constantemente paródias de outrasobras literárias. A obra teatral se concebe como um espetáculo visual a auditivo, construído com múltiplos segmentos, a estrutura recorre a recortes, a "collage". Só uma visão panorâmica, de conjunto, unifica e dá sentido a essa variedade de segmentos teatrais dentro de uma mesma obra.
A denominação de esperpento é obra do próprio Valle-Inclán, que a utilizou para denominar determinadas obrasescritas desde 1920. Definitivamente, o esperpento não é somente uma forma literária criada e desenvolvida por Valle-Inclán ou o apogeu de sua produção teatral, se trata de uma verdadeira cosmovisão, ou visão de mundo e realidade; ao lado de Federico García Lorca, Ramón Maria del Valle-Inclán foi o dramaturgo que de forma mais brilhante, radical e inovadora rompeu com os moldes do realismo burguês.Sobre o autor referido cabe destacar que desde cedo mostrou precocidade, dispôs de uma sensibilidade pouco comum, inconfundível extravagância e incrível facilidade verbal. Casou-se com a atriz Josefina Blanco e desde então seu contato com o teatro é estreitado, torna-se diretor artístico de uma companhia teatral e alterna sua vocação poética com o teatro.
Nomeado catedrático de estética daEscola de Belas Artes da Espanha e posteriormente diretor, é um dos exemplos mais curiosos de evolução disciplinada e sistemática na literatura espanhola. Profundo admirador do movimento modernista, amigo íntimo de Rubén Darío, sua obra é um singular caminho desde uma estética sublimadora do belo à estética do signo contrário, uma evolução rigorosa, do modernismo ao esperpentismo, como todo...