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O quem da educação a distância

O quem da educação a distância
Estrella Bohadana
Universidade Estácio de Sá, Programa de Pós-Graduação em Educação

Lílian do Valle
Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Faculdade de Educação

Tornou-se um repisado truísmo afirmar que a
rápida expansão,1 nos últimos anos, das iniciativas
de educação a distância (EAD)2 em todos os níveis de

1ensino brasileiro, mas muito particularmente no ensino
superior, teve como condição essencial o não menos
notável desenvolvimento da informática no país.3
Mas a disseminação da EAD on-line no Brasil
muito deve, também, à boa receptividade e aos incen-

O Censo da Educação Superior de 2006, divulgado pelo Ins-

tituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
(INEP),revela que o número de cursos a distância no país cresceu

telecursos. No topo desses avanços, e cada vez mais poderosos, os

571% entre 2003 a 2006 e o de matrículas aumentou 315%. Em 2003,

microcomputadores apresentam recursos sofisticados, permitindo

52 instituições ofereciam essa modalidade de ensino superior. Em

a comunicação direta com outros microcomputadores por meio de

2006esse número saltou para 349. As matrículas passaram de 49.911

redes locais e de longa distância.

para 207.206. O censo mostra que, em 2005, os alunos de educação

3

Em meados de 1980, a internet passou a ser utilizada em

a distância representavam 2,6% do universo dos estudantes univer-

vários países da Europa e nos Estados Unidos, principalmente nas

sitários do país. Em 2006, aparticipação aumentou para 4,4%.

universidades e em algumas empresas. As primeiras utilizações

2

O que hoje conhecemos como “terceira geração” de EAD

eram realizadas com terminais conectados por via telefônica a

surgiu com o advento do microcomputador, que, rompendo com a

universidades europeias e americanas, restringindo-se, na maioria

comunicação baseada na bipolaridadecaracterística das gerações

dos casos, a consultas documentais e troca de e-mails (Almeida,

anteriores, funda o fenômeno da comunicação em rede. O curso

2005). No Brasil, a internet foi inaugurada em 1992, tendo sido via-

por correspondência – dito a “primeira geração de EAD” – é

bilizada pela Rede Nacional de Pesquisa (RNP), que interligava as

considerada, pela literaturaespecializada, a forma mais antiga de

principais universidades e centros de pesquisa do país, além de al-

ensino a distância, tendo como tecnologia de suporte o material

gumas organizações não-governamentais. O uso comercial,porém,

impresso. Com o advento do rádio, seguido da televisão, surge

só foi liberado em 1995 e em maio do mesmo ano o Ministério da

o que seria já a “segunda geração”,que permite a realização de

Ciência e Tecnologia criou o Comitê Gestor da Internet (CGI.br)

emissões radiofônicas e televisivas – entre as quais os famosos

para fomentar o desenvolvimento de serviços no Brasil.

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Estrella Bohadana e Lílian do Valle

tivos com que asautoridades públicas brasileiras acolheram as novas possibilidades de atuação educativa
em larga escala, além, é claro, do grande entusiasmo
com que, em razão dos mais diferentes interesses, as
novas orientações oficiais foram desde então sendo
acolhidas, sobretudo pelas instituições privadas de
ensino superior, ainda que não apenas aí.
Essa confluência de disposições positivas – játestemunhada em outros países desde 1996 – permitiu que, em breve lapso de tempo, a EAD passasse,
de recurso marginal e pouco frequente, a menina dos
olhos das políticas públicas e das ações empresariais
levadas a cabo na atualidade.4 Hoje, diferentemente do
que ocorria há apenas uma década, não é mais possível
desconsiderar o impacto que a introdução da EAD online causou e as transformações que...