O Que Faz Um Bom Professor De Línguas

UNIVERSIDADE SÃO PAULO
FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

ESTUDOS LINGÜÍSTICOS E LITERÁRIOS DA LÍNGUA INGLESA



















O QUE FAZ UM BOM PROFESSOR DE LÍNGUAS:
Teoria x Feeling x Prática.































São Paulo - SP


Maio 2003


1 – Formulação do tema dapesquisa
Para podermos analisar o que faz um bom professor de línguas precisamos, em primeiro lugar, definir o que significa “ser um bom professor” e, a seguir, fazer uma retrospectiva da sua formação, acompanhando seu desenvolvimento durante os anos que passou na universidade até chegarmos ao que este continua fazendo para manter-se atualizado e continuar aprimorando seu desempenho.
Oobjetivo maior de um professor de línguas é o de favorecer o desenvolvimento de competências e habilidades na língua alvo nos alunos. Portanto, o “bom professor” é aquele que propicia este desenvolvimento. Para tal, de acordo com o lingüista aplicado Almeida Filho (1993), o professor necessita ter as seguintes características, ou competências: a) a competência implícita: constituída de intuição,crenças e vivência, porém a nível inconsciente; b) a competência lingüístico-comunicativa, utilizada para operar em situações do uso da língua alvo; c) a competência teórica: conhecimentos teóricos de como se ensina e se aprende uma língua estrangeira; d) a competência aplicada: aquela que capacita o professor a ensinar de acordo com o que ele sabe conscientemente; e) a metacompetência profissional:a que conscientiza o professor dos seus deveres, potencial e importância no exercício do ensino de línguas, ou seja, um permanente crescimento profissional. Dessa forma, a abordagem e a prática de um professor dependerá do seu nível de desenvolvimento em cada uma destas competências e da sua capacidade de interagi-las.
Entretanto, o processo interno e individual do desenvolvimento doprofessor é ao mesmo tempo complexo e desafiador. Autores recentes (Freeman, 1989, Freeman and Richards 1996, Kennedy and Kennedy, 1996, Owen, 1999, Pennington, 1990, Richards and Lockhart, 1995 e Woods, 1996) examinaram os âmbitos do ensino eficaz, dos relacionamentos professor/aluno, da melhora das aulas, do relacionamento entre as crenças do professor e suas ações e sugerem que esta última área dodesenvolvimento é a mais polêmica de todas.
O professor inicia sua carreira com um conjunto de crenças sobre aprender e ensinar uma língua estrangeira. Isto se deve ao fato de que ele assimila vários pressupostos, durante sua vida acadêmica e nos anos seguintes do seu início de carreira, sobre como o aprendizado da língua estrangeira ocorre e ambas, crenças e pressupostos, interagem comseu conhecimento adquirido. Todos estes aspectos (crenças, pressupostos e conhecimento) são ativados concomitantemente quando ele necessita tomar decisões, tanto dentro como fora da sala de aula (Woods, 1996, p. 248). Podemos observar que “o sistema de cada professor difere dos sistemas de outros professores não somente em termos de seus ‘componentes’ pessoais, mas também em termos dointer-relacionamento entre suas crenças, pressupostos e conhecimento” (Woods, 1996, p. 248).
A atitude do professor também pode influenciar a eficácia do seu ensino. A definição de Freeman (1989) do termo “atitude” e como ela afeta o comportamento do professor é expressa da seguinte forma: atitude é
a postura adotada com relação a si mesmo, à atividade de ensinar e aos alunos e que se emprega noprocesso ensino/aprendizagem. Atitude é uma interação do comportamento, ações e percepções de cunho externo com as reações, dinâmicas intrapessoais e, sentimentos internos. Ela se torna uma espécie de ponte que influencia o funcionamento eficaz de um professor em particular em determinadas circumstâncias. Como tal, ela pode começar a ser a responsável pelos sucessos, pontos fortes e fracos...