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A língua portuguesa em evolução: os Acordos Ortográficos
A língua portuguesa em evolução: os Acordos Ortográficos
Lola Geraldes Xavier Escola Superior de Educação de Coimbra Resumo A 16 de Maio de 2008, foi discutido e votado na Assembleia da República um protocolo modificativo ao Acordo Ortográfico que permite que entre emvigor com as ratificações de apenas três países. Neste momento, com Portugal, Brasil, Cabo Verde e São Tomé passam a ser quatro os países que já ratificaram o Acordo. O Acordo Ortográfico de que se fala é o de 1990. A polémica a favor e contra este Acordo tem sido significativa. Mas para se tomar uma posição é conveniente que se conheça as alterações que este Acordo Ortográfico propõe. Nestesentido, é nosso objectivo apresentar, aqui, uma perspectiva histórica dos Acordos Ortográficos da Língua Portuguesa e destacar, com base no texto do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990), as alterações previstas, que já começaram a entrar em vigor no Brasil, no primeiro dia deste ano, em período de transição, até à aplicação integral, no final de 2012, prevê-se que, em Portugal, tais alteraçõesentrem em vigor até 2014. Palavras-chave
Acordo Ortográfico; alterações ortográficas, acentuação, consoantes duplas, facultatividades.
Haverá facções contra e a favor, mas não é tanto importante como a língua se apresenta, mas o que diz, o que propõe. José Saramago
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exedra • 9 • Março de 2010
A palavra ‘ortografia’ vem do grego, «orthós» e «graphos». «Orthós» quer dizer“correcta” e «graphos» quer dizer “escrita”, logo, quando falamos de ortografia referimo-nos à escrita correcta, ou a que ensina a escrever correctamente. A ortografia é, no entanto, artificial, convencional, imposta, ao contrário da língua oral que é natural. A escrita alfabética é uma tentativa de representação gráfica da língua falada.Como nenhuma ortografia consegue reproduzir a fala com fidelidade elogo aqui começam os problemas. A importância da língua falada para o estudo científico está principalmente no facto de ser nessa língua falada que ocorrem as mudanças e as variações que vão transformando a língua e que se não forem tidas em conta pela ortografia permite-se um fosso entre as duas vertentes: escrita e oral. Porém, nem todas as variações provocadas na língua falada podem ser tidas emconta, geralmente tem-se em consideração a norma padrão em que ocorrem e a sedimentação/ aceitação pelos falantes dessa variação. Não é, contudo, pacífica a convivência entre estas duas variáveis, sobretudo quando a etimologia perde terreno na actualização da língua falada. Passar de um sistema etimológico, de acordo com a origem das palavras, para um sistema de ortografia baseado na fonética nãoé consensual. É este o maior problema da redacção/aceitação de um Acordo Ortográfico, a dialéctica entre o peso da etimologia, com toda a história linguística que carrega, e o peso da actualização da língua falada no quotidiano. I. A questão dos Acordos Ortográficos de língua portuguesa não é, por isso, recente. Vejamos uma breve cronologia das reformas ortográficas efectuadas na línguaportuguesa. Do século XVI até ao século XX, em Portugal e no Brasil a escrita praticada era de cariz etimológico (procurava-se a raiz latina ou grega para escrever as palavras). Em 1907, a Academia Brasileira de Letras começa a simplificar a escrita nas suas publicações. Em 1910, com a Implantação da República em Portugal, foi nomeada uma Comissão para estabelecer uma ortografia simplificada e uniforme demodo a ser usada nas publicações oficiais e no ensino. Um ano depois, dá-se a Primeira Reforma Ortográfica, com esse objecttivo de uniformizar e simplificar a escrita de algumas formas gráficas, mas que não foi extensiva ao Brasil. Em 1915, a Academia Brasileira de Letras resolve harmonizar a ortografia com a portuguesa, e em 1919 revoga a sua resolução de 1915. Em 1924, A Academia de Ciências...
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