Chutando A Escada – Ha-Joon Chang

5ª e 6ª Aulas
Chutando a Escada – Ha-Joon Chang

Contexto autor e obra: Chang é professor de Economia e diretor-assistente de estudos sobre desenvolvimento na Universidade de Cambridge, Inglaterra, tendo sido consultor de várias organizações internacionais. O livro, de 2002, é parte de seu programa de pesquisa sobre a história do desenvolvimento institucional.
PADs vêm pressionando os “em D”para adotarem políticas (macroeconômicas restritivas, liberalização comercial e de investimentos, privatização e desregulamentação) e instituições (democracia, burocracia “boa”, judiciário independente, proteção aos direitos de propriedade, governança empresarial transparente e BC independente) “boas” para o D.
Mas, historicamente, PADs não adotaram tais políticas e instituições “boas” para sedesenvolver, ao contrário da visão ortodoxa (dominante) da história do capitalismo!!!!
Os PADs não estariam então querendo esconder o segredo do seu sucesso; chutar a escada por onde chegaram ao topo???!!!
Pergunta central que livro tenta responder é: como PADs enriqueceram de fato? Resposta sucinta: eles não seriam o que são hoje se tivessem adotado políticas e instituições que hoje recomendamaos “em D”!!!
F. List e a tese da indústria nascente: sem protecionismo estatal à indústria nacional nascente, ela não sobrevive à concorrência das indústrias mais avançadas.
A própria Grã-Bretanha valeu-se desses expedientes, deles só abrindo mão quando já havia alcançado um patamar industrial e tecnológico sem concorrência para as demais economias, momento então em que passou a advogarenfaticamente o livre-cambismo.
EUA também não seguiram conselho de Adam Smith, de se especializarem na agricultura. Tornaram-se berço intelectual do protecionismo, só o abandonando, em prol do livre-cambismo, após a 2ª GM, quando sua supremacia industrial já estava consolidada.
A metodologia de List: análise histórica da economia. Não é compilação de fatos para gerar (“por acumulação”) modeloexplicativo, mas construção e teste de teorias a partir de modelos históricos; enfoque concreto e indutivo contrastante como modelos abstratos e dedutivos da economia neoclássica. Precursora da Escola Histórica Alemã (Roscher, Hildebrand, Knies, Wagner, Schmoller, Sombart) e presente também nos trabalhos de Polanyi e Shonfield. Influenciou também muitos dos mais destacados fundadores da economia neoclássica(A. Marshall, J. Clark e R. Ely) e os precursores da “economia do desenvolvimento” (A, Lewis, W. Rostow, S. Kuznets, A. Gerschenkron, A. Hirschman e C. Kindleberger).
Prejuízos teóricos do abandono recente da perspectiva histórica nos estudos econômicos sobre desenvolvimento, dado o preconceito da economia neoclássica com esse tipo de abordagem. Livro focaliza Revolução Industrial nos PADs,entre 1815/1914, reafirmando a utilidade da abordagem histórica.
Cap. 2: história das políticas industrial, comercial e tecnológica.
Cap. 3: instituições na história do desenvolvimento dos PADs.
Cap. 4: chutando a escada: “boas” instituições são mais conseqüência que causa do D. dos PADs.

Cap. 2: Políticas de desenvolvimento econômico.
Mitos e lenda da versão ortodoxa da história da políticaeconômica dos PADs: laissez-faire = livre produção e livre comércio; liberalismo britânico (a partir de 1846 – revogação das corn laws) levou ao pioneirismo na Revolução Industrial e à hegemonia econômica mundial (contra mercantilismo de França e outros). Um dos sistematizadores da lenda é o J. Sachs (candidato dos EUA ao BIRD) > nota 1 do Chang!
Ordem liberal mundial, consolidada em 1870, eraapoiada em políticas de laissez-faire, livre mercado estabilidade macroeconômica (padrão-ouro) e equilíbrio orçamentário, e gerou período de prosperidade sem precedentes: anos dourados do Capitalismo.
Com crise que desaguou na 1ª GM, países voltaram ao protecionismo (barreiras comerciais) e “desandou o angu” = depressão dos 30, cartéis, fascismo, intervencionismo estatal, belicismo, 2ª GM, etc....