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Páginas: 56 (13892 palabras) Publicado: 4 de diciembre de 2012
Conjecturas e Refutações
(O Progresso do Conhecimento Cientíco)∗
Karl R. Popper

1

Ciência: Conjecturas e Refutações
O Senhor Turnbull tinha previsto conseqüências nefastas, . . . e
agora fazia tudo o que podia efetivar suas próprias profecias.

Anthony Trollope

I
1

Quando recebi a lista dos participantes deste curso , e percebi que tinha sido
convidado a me dirigir acolegas lósofos, imaginei, depois de algumas hesitações e consultas, que os senhores prefeririam que falasse sobre os problemas que
mais me interessam e os desenvolvimentos com os quais estou mais familiarizado. Decidi, portanto, fazer algo que jamais havia feito antes: um relato do
meu trabalho no campo da losoa da ciência desde o outono de 1919, quando
comecei a lutar com o seguinte problema:Quando pode uma teoria ser classi-

cada como cientíca? , ou Existe um critério para classicar uma teoria como
cientíca?
Naquela época, não estava preocupado com as questões Quando é verdadeira uma teoria?

ou Quando é aceitável uma teoria?

Meu problema era

outro. Desejava traçar uma distinção entre a ciência e a pseudociência, pois
sabia muito bem que a ciênciafreqüentemente comete erros, ao passo que a
pseudociência pode encontrar acidentalmente a verdade.
Conhecia, evidentemente, a resposta mais comum dada ao problema: a ciência se distingue da pseudociência - ou metafísica - pelo uso do método empírico,
essencialmente indutivo, que decorre da observação ou da experimentação. Mas
essa resposta não me satisfazia. Pelo contrário, formulei muitas vezes meuproblema como a procura de uma distinção entre o método genuinamente empírico
e o não empírico ou mesmo pseudo-empírico - isto é, o método que, embora
∗ Popper, Karl R. Conjecturas e Refutações. Brasília: Editora da UnB. 1980.

1 Conferência

feita em Peterhouse, Cambridge, no verão de 1953, como parte de curso

sobre a evolução e as tendências da losoa inglesa contemporânea, organizado peloBritish

Counci1 ; publicado originalmente sob o título Philosophy of Science: a Personal Report ,
in British Philosophy in Mid-Century, edit. C. A. Mace 1957.

1

se utilize da observação e da experimentação, não atinge padrão cientíco. Um
exemplo deste método seria a astrologia, que tem um grande acervo de evidência
empírica baseada na observação: horóscopos e biograas.
Mas, comonão foi o exemplo citado que me levou ao meu problema, creio
que seria oportuno descrever brevemente o clima em que ele surgiu e os exemplos que o estimularam. Após o colapso do Império Austríaco, a Áustria havia
passado por uma revolução: a atmosfera estava carregada de slogans e idéias
revolucionárias; circulavam teorias novas e freqüentemente extravagantes. Dentre as que me interessavam, ateoria da relatividade de Einstein era sem dúvida
a mais importante; outras três eram a teoria da história de Marx, a psicanálise
de Freud e a psicologia individual de Alfred Adler.
Popularmente, falavam-se muitas coisas absurdas sobre essas teorias, sobretudo a da relatividade (como acontece ainda hoje), mas tive sorte com as pessoas
que me introduziram a elas. Todos nós - o pequeno grupode estudantes ao qual
pertencia - vibramos ao tomar conhecimento dos resultados da observação de
um eclipse empreendida por Eddington, em 1919, a primeira conrmação importante da teoria da gravitação de Einstein. Foi uma experiência muito importante
para nós, com inuência duradoura sobre o meu desenvolvimento intelectual.
Naquela época, as três outras teorias que mencionei eram tambémamplamente discutidas no meio estudantil. Eu mesmo tive um contato pessoal com
Alfred Adler e cheguei a cooperar com ele em seu trabalho social entre as crianças e os jovens dos bairros proletários de Viena, onde havia estabelecido clínicas
de orientação social.
Durante o verão de 1919, comecei a me sentir cada vez mais insatisfeito com
essas três teorias - a teoria marxista da história, a...
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