Anaximandro

Anaximandro, do infinito ao finito

Segundo Aristóteles e Teofrasto, os primeiros filósofos gregos foram à procura princípio (do grego, "arkhé") de toda realidade. Tales de Mileto, por exemplo,afirmou que o princípio de tudo era a água. Anaximandro, seu discípulo e sucessor, negou que se tratava de tal elemento, ou de qualquer outro visto no mundo estruturado, disse que a arkhé era o ápeiron,algo espacialmente indefinido e qualitativamente indeterminado. Anaximandro foi o primeiro pensador a trabalhar a questão do devir, do movimento em sua eternidade. É bem provável que tenha sidotambém o primeiro a utilizar a palavra arkhé, com o significado de princípio. De sua obra, resta-nos apenas um fragmento do livro intitulado Da Natureza, que constitui o primeiro texto filosófico ocidental.Trata-se de muito pouco, e, portanto, para se acompanhar o pensamento de Anaximandro torna-se necessário recorrer a sua doxografia. Seu principal doxográfo, Aristotéles (Aristóteles, Física, III, 4.203 b 6 (DK 12 A 15)), comenta que de tudo procede um princípio, não existindo este apenas para o próprio princípio. Ora, o ilimitado não tem princípio e, sendo princípio, não foi gerado e nem podeser destruído. O ápeiron está muito além da idéia de elementos para a formação do universo. A indeterminação do princípio de Anaximandro, ao contrário da precisa determinação e transparência doprincípio de Tales, é resuldado da percepção da complexidade e da multiplicidade inumerável das coisas, e dos minúsculos e muitos aspectos de distinção existentes em todas as realidades. A experiência nospermite inferir que realmente não há limite para o sugimento das coisas, algo de novo surge e se transforma, a cada infinitésimo de segundo, no universo. Assim, seria errado supor um princípio limitado,pois seus limites não comportariam as causas de tudo aquilo que é capaz de gerar. Do único fragmento preservado de Anaximandro, escrito por volta de 610 a 547 a.c, temos a seguinte tradução de...