Casal e depressão
Introdução
Apesar de ter melhorado o conhecimento dos factores causais e a qualidade dos tratamentos das perturbações afectivas e, em particular, das doençasdo humor, o contexto interpessoal destas patologias permanece uma área pouco explorada, ainda que vital para a pesquisa científica e, sobretudo, para a prática clínica. Regra geral, a doença extravasao indivíduo, generaliza-se, contagia quem está por perto. O sofrimento deixa de ser individual. As relações interpessoais (amorosas, de amizade, de camaradagem), quando gratificantes constituem umverdadeiro antídoto com a Depressão.
Um profissional de saúde, no dia a dia, lida com muitas realidades. Mais do que tratar doenças importa ajudar pessoas. Contribuir para a tomada de consciênciada sua doença, aceitando-a, mas lutando para a ultrapassar, ou pelo menos, atenuar o seu impacto. Contribuir para compreensão dos factores causais, o que suscitou o seu aprecimento. Nas patologias dosafectos só enfrentando o que causou o desconforto é possível gerir racionalmente os múltiplos sintomas que dão voz à doença.
Cada doente é um caso singular. Mas à medida que se agrava a criseeconómica, que a vida nas cidades (grandes e não só!) se complica, que aumenta a vulnerabilidade das relações interpessoais, que cresce o sentimento colectivo de tristeza, a par da solidão, tãocaracterísticos do povo português, também se expande o sofrimento a nível dos afectos. A Depressão está aí. Veio para ficar!
Porque há temas com que trabalho mais frequentemente e, sobretudo, porquehá temas pelos quais me interesso mais, é também sobre eles que mais reflicto, que mais escrevo, que mais transmito aos alunos e partilho com outros Colegas em reuniões profissionais. Assim, osafectos, as doenças da alma e a sua relação com as doenças do corpo, a vida relacional, a Sexualidade e as diversas facetas da conjugalidade são das matérias mais exploradas. E o facto de ser médico e...
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