China e áfrica: a política de pequim para o continente africano
João Bosco Monte
Os prognósticos apocalípticos anunciados no ano passado pelos organismos internacionais de crédito, com respeitoaos efeitos que a crise internacional causaria na África não se cumpriram. Tanto o FMI como o Banco Mundial prediziam com certa lógica que a paralisação do comércio mundial e dos créditos financeirosafetaria o continente.
O que se poderia esperar de um continente que apresenta a triste imagem do único continente onde os indicadores econômicos, sanitários e sociais se deterioramsistematicamente? Dos 49 países menos avançados no mundo, 34 são subsaarianos. Além disso, há de se considerar a crônica instabilidade política das cinco últimas décadas com um saldo de mais de sete milhões demortos e mais de 10 milhões de refugiados fugindo de 32 conflitos armados. Para agravar o quadro, 70% das pessoas infectadas pela AIDS no mundo se encontram na África.
Apesar dos dados apresentados nãoserem sedutores, é possível identificar paises que deliberadamente decidiram “apostar” no continente africano. O que se percebe é que a economia africana está se erguendo e em estado crescente. E foiprecisamente à China que entendeu que vale à pena “remar contra a maré”.
A penetração chinesa na África em busca de recursos naturais que consolidem seu grande crescimento deu um grande salto apartir de 2005, quando do nada desembarcaram no continente aproximadamente 1.000 empresas e centenas de milhares de trabalhadores.
Pode-se dizer que a crise econômica mundial dos dois últimos anosacelerou a conquista chinesa na África subsaariana. Aproveitando a falta de visão e iniciativa ocidental, onde as empresas se colocam na defensiva e tratam de conter o gasto, Pequim disponibilizou maisde 60 bilhões de dólares em apenas seis meses para controlar o acesso a matérias primas e competir diretamente com grandes multinacionais como Exxon Mobil e Shell.
Dessa forma a China utiliza a...
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