Cinema, infância e educação
1- Pensando o cinema
Um sorriso de criança na tela e o jogo está ganho. Mas justamente o quesalta aos olhos quando examinamos a vida é a gravidade da criança em relação à futilidade do adulto. (...) um filme de crianças pode ser elaborado encima de pequenos fatos, pois na verdade nada é pequeno no que se refere à infância. (Truffaut, 2005, p.36).
Não existe uma teoria do cinema universalmente aceita. Existem sim, teorias diversamente fundamentadas que nos permitem pensar o cinema dediferentes formas. Para Turner (1997), o cinema não reflete nem registra a realidade como qualquer outro meio de representação. Em verdade ele constrói e ‘reapresenta’ seus quadros da realidade por meio dos códigos, convenções, mitos e ideologias da cultura, bem como mediante práticas significadoras específicas desse meio de comunicação. Isto é, o cinema atua sobre
O trabalho de pós-doutoramentofoi realizado na Faculdade de Educação da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), sob orientação da professora Sonia Kramer, dentro do projeto de pesquisa "Crianças e Adultos em Diferentes Contextos: a Infância, a Cultura Contemporânea e a Educação" financiado pelo CNPq. Na atualidade a autora é Professora Adjunta de Psicologia da Educação na Faculdade de Educação naUniversidade Federal do Rio de Janeiro onde coordena o projeto de pesquisa/extensão: Cinema para aprender e desaprender.
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os sistemas de significado da cultura – para renová-los, reproduzi-los ou analisá-los – mas, ao mesmo tempo, também é produzido por esses sistemas de significado. Nesse sentido, o cineasta usa os repertórios e convenções representacionais disponíveis na cultura a fim defazer algo diferente, mas familiar; novo, mas genérico; individual, mas representativo. No Dicionário teórico e crítico de cinema elaborado pelos franceses Jacques Aumont e Michel Marie (2003) sugerem-se seis maneiras de entender o cinema. Vamos nos introduzir, brevemente, em cada uma delas. O cinema como reprodução ou substituto do olhar. Esta teoria remonta-se à idéia bakhtiniana de excedente davisão (Bakhtin, 2003, p. 21). Ele nos faz refletir acerca do que sucede quando estamos olhando nos olhos de outra pessoa. Enxergamos nas suas pupilas o reflexo do que ela está olhando (incluída a nossa própria imagem). No olhar do outro se vê tudo aquilo que não alcançamos ver com os nossos olhos. Embora aproximando-nos de lado, mirando num mesmo horizonte, juntando rosto com rosto, existe umexcedente da visão do outro que não alcançamos, assim como nós vemos algumas coisas que o outro não alcança visualizar. É um excedente condicionado pela singularidade e pela
insubstituibilidade do próprio lugar no mundo em tempo, espaço e circunstâncias, afirma Bakhtin. Cineastas tais como Krakauer, Cavelh, Souriau, Vertov, Epstein, Bazin e Balázs destacam esta possibilidade do cinema de fazer ver o...
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