Do Artista Como Filósofo E Do Filósofo Ao Artista Mundano

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE ANTROPOLOGIA
ANTROPOLOGIA DA ARTE
PROFESSOR CALEB FARIAS
JUL/2011
CAMILA VIEIRA GHISLENI
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Do artista como filósofo e do filósofo ao artista mundano

O artista celebrado da pop art frequentava festas do mundounderground e também usava da arte para revelar a essência própria da arte. Andy Warhol inovou com a técnica da serigrafia de forma a reproduzir mecanicamente suas obras, levando a arte à esfera publicitária. Possuia um ateliê com o nome de Factory – fábrica -, uma editora: Andy Warhol Enterprise, uma revista: Interview, além de produzir filmes e escrever livros, inclusive sua autobiografia.
Ofilósofo Arthur Danto pensa a arte em seu aspecto filosófico desde a exposição das Brillo Box de Andy Warhol em 1964, na Stable Gallery em Manhattan:“tenho sentido que ele possuía uma inteligência filosófica de uma grandeza extasiante”. A autoconsciência filosófica, nas palavras do autor, foi atingida por Andy Warhol como a nenhum outro antes dele, por pensar uma certa filosofia através daprática da arte. Anteriormente, Duchamp pega um objeto do uso cotidiano e transforma em arte, como a famosa obra a que chama de “A fonte” e assina sob o pseudônimo de “R. Mutt”. Os seus ready-mades possuíam caráter de crítica da obra única caracterizada pelo movimento de anti-arte dadaísta, onde qualquer coisa podia ser arte, e já iniciava a sentença de que qualquer um também pode ser artista.
Aquestão de Warhol centralizou-se no porquê de apenas um urinol ser visto como arte e todos os outros não. A ideia do artista com autoconsciência filosófica já havia surgido em Duchamp, mas o que chamou a atenção de Danto quanto a originalidade em Andy estava no que define e/ou separa o que é arte do que é realidade, ou vice-versa, foi o porquê as Brillo Box, representando as reais caixas dedetergente, que estavam expostas como arte numa galeria eram arte e as que estavam no supermercado ou em depósitos não eram. A exaltação do ordinário por Warhol ajudou a dar à arte uma consciência de sua natureza filosfófica.
De acordo com Danto, Warhol integrou a fase clássica da pop art, e alguns o consideram seu precursor. “O objetivo de Warhol era transformar o cotidiano e o insignificante emarte, inspirando-se na arte popular, na literatura banal e nos meios de comunicação” (Maass). Da mesma forma, a pop art celebrava “o consumismo do pós-guerra” (Moutinho, 2000) e “as coisas que os expressionistas abstratos achavam estúpidas demais” (Danto, 2004). O que define um objeto como obra de arte, para Danto, é uma certa teoria da arte, que, juntamente com o contexto histórico e a partir decondições exteriores ou do espírito da época, torna a arte possível, de modo que “isso não poderia ter sido arte cinquenta anos atrás” (Danto, 1964). Como aponta Bauman, as artes acompanham as mudanças no modo de vida da sociedade. Se um dado momento da história permite que um tipo de arte seja produzido, será que se pode pensar o surgimento da pop art como fatalidade de uma época?“Eu amava tanto seu trabalho. Amava sua arte e, sobretudo, a idéia de que ele repetia sempre a mesma imagem. Apreciava demais esta idéia, de modo que pensei que seria muito interessante fazer isso também... De Chirico repetia as mesmas imagens ao longo de sua vida. Acredito que fazia isso não apenas porque as pessoas e marchands pediam a ele que assim o fizesse, masporque gostava disso e via na repetição uma maneira de se expressar. Provavelmente é isso que temos em comum... As diferenças? O que ele repetia regularmente, ano a ano, eu repito no mesmo dia e na mesma pintura... é uma maneira de se expressar... todas minhas imagens são a mesma... mas diferentes ao mesmo tempo. Mudam com a luz das cores, com os tempos e modos... não seria a vida uma série de...