Comissão pastoral da terra: o social e a igreja cátólica no brasil

Hiolly Batista Januário de Souza.










Comissão Pastoral da Terra: o social e a Igreja Católica no Brasil.
(1975-1988)













Rio de Janeiro.
Agosto/2011.
Comissão Pastoral da Terra: o social e a Igreja Católica no Brasil (1974-1988).










Resumo: O presente trabalho visa analisar a atuação da Comissão Pastoral da Terra, entidade pertencenteà Igreja Católica no Brasil, frente aos movimentos sociais rurais, o governo, suas entidades de apoio e contestação. Passando pela problemática da concentração fundiária, do uso abusivo da violência no campo, do enfrentamento de uma ditadura militar e do processo de redemocratização. Tendo também como objeto de análise as mudanças ideológicas ocorridas dentro da Igreja Católica nas décadas de 1960a 1980.

Linha de Pesquisa: Movimentos sociais.










Rio de Janeiro.
Agosto/2011.

Tema e Justificativa

O presente projeto visa analisar a trajetória da Comissão Pastoral da Terra, entidade vinculada à Igreja Católica, no bojo de sua atuação junto aos movimentos sociais rurais no Brasil, bem como sua posição frente ao governo brasileiro, se estendendo da sua criação,em 1975, durante o governo do General Geisel, passando pela redemocratização em 1985, abrangendo o período da Constituinte de 1988.
Com o desenvolvimento de tal projeto busca-se uma maior compreensão da atuação da Igreja no Brasil, (não se esquecendo de sua inserção no contexto latino-americano como um todo, que também passava por um período de forte turbulência político-social), durante operíodo da Ditadura Militar e redemocratização e de como a Igreja Católica, uma entidade naturalmente associada às elites, muda seu foco e passa a fazer parte de um projeto de “Igreja-no-mundo” e “Igreja-para-o-mundo”[1], observando e atuando em favor dos movimentos sociais rurais e contra os desmandos das elites locais e das formas arbitrárias de poder em todas as suas instâncias.Contextualização da Problemática

A Comissão Pastoral da Terra (CPT) surge no ano de 1975 como uma materialização da mudança no pensamento da Igreja Católica na América Latina[2] no que diz respeito à sua compreensão de atuação no mundo contemporâneo, pois até meados do século XX a Igreja Católica em solo latino-americano, assim como no Brasil, apenas seguia as orientações vindas de Roma, com suarealidade européia que pouco, ou em nada, se enquadravam no cotidiano latino-americano. Assim, a partir do concílio Vaticano II tal instituição muda seu foco de atuação na América Latina, pois:

a partir do concílio ela desenvolve estratégias para voltar-se para a sociedade civil, passando a ser, ela própria, um agente ativo na organização dessa sociedade, por meio de pastorais ecomunidades eclesiais de base. [3]


Não só a Igreja passava por consideráveis mudanças em sua estrutura. Os países latinos como um todo passavam por um período de instabilidade política, econômica e sócio-cultural, onde vários setores da sociedade tinham seus direitos (trabalho, liberdade de expressão, participação política) cerceados por regimes autoritários, que se mostravam cada vez menosinteressados nas reivindicações feitas pela população civil.
O Brasil se encontrava regido por uma ditadura militar, sob o comando, quando da criação da CPT, do general Ernesto Geisel (1974-1979) e passava por uma série de problemas financeiros após o fim do “milagre econômico” brasileiro (1967-1973), que se caracterizou por ser um período de forte concentração de renda, aumento da pobreza evertiginoso crescimento econômico[4]. Desde a instauração da ditadura militar no Brasil, em 1964, os governos militares se aproximaram cada vez mais dos grandes latifundiários[5], e se focaram em um projeto de “modernização conservadora” do campo no qual, segundo Manoela Pedroza se assegurava as transformações na base técnica e econômica, mas que não tiveram correspondência nos planos social e...