Desarrollo Del Niño y Del Adolescente
Filho do coração...
Adopção e comportamento parental (*)
SÍLVIA A. FERREIRA (**) ANTÓNIO PIRES (**) FERNANDA SALVATERRA (***)
Existem casais, que por motivos vários, viram impossibilitado o desejo de conceberem um filho, optando pela adopção como a forma de colmatar essa ausência que deixou todo um processo psíquico em suspenso, ou seja, avivência psicológica ficou impedida de se actualizar pela ausência da capacidade de procriar, mas este mundo de afectos, fantasias e desejos fica em suspenso à espera de um objecto a que se possa ligar. O processo de adopção entendido como o «meio através do qual um indivíduo que, pelo nascimento, pertence a um grupo familiar, adquire novos laços de parentesco, numa outra família, laços esses quesocialmente são equivalentes aos laços de sangue», não é uma situação rara (Sá & Cunha, 1996). A criança, como refere Diniz (1993), nasce com um riquíssimo conjunto de capacidades que têm a ver com o seu equipamento gené-
(*) Agradecimentos: Ao Centro de Estudos de Apoio à Criança e à Família de Lisboa, nomeadamente às mães que participaram neste estudo, pela disponibilidade e facilitação narecolha de dados. (**) Instituto Superior de Psicologia Aplicada, Lisboa. (***) Centro de Estudos de Apoio à Criança e à Família (CEACF).
tico, no entanto muitas destas potencialidades podem ser prejudicadas de forma grave se não encontrarem um ambiente de suficiente qualidade logo desde os primeiros momentos de vida. Desta forma, o processo de adopção surge, actualmente, como uma das formas deprotecção à infância, proporcionando-se a estas crianças uma família alternativa à família biológica, que lhe permitirá um desenvolvimento adequado das suas potencialidades. Paralelamente, a adopção parece também ser a única forma destes casais colmatarem o verdadeiro desejo de ter um filho, uma vez que, a existência de um vínculo jurídico promove um sentimento de pertença e de irreversibilidade,que fornece à adopção psicológica a base de formação de um verdadeiro attachement, já que desempenhar as funções de pai ou de mãe esporadicamente não é o mesmo que dar-se como pai ou mãe de uma criança ao longo de todo o seu desenvolvimento. No entanto muito do que acontece nesta relação pais-filho depende da forma como esta irreversibilidade é encarada. Segundo Diniz (1993), ao facto biológico daconcepção duma criança deveria corresponder o desejo psicológico desse filho, uma vez que é fundamental para a saúde mental da criança que exista uma certa correspondência entre o nível afectivo e o nível biológico para que seja possí399
vel uma caminhada em comum, resultando desta uma vivência parental satisfatória. É neste sentido que Dolto (cit. por Diniz, 1993) afirma que não podem existirbons pais se estes não forem também pais adoptivos, ou seja, se não oferecerem uma tradução psicológica, afectiva ao facto irreversível da dependência biológica e cromossomática. De igual forma Tsiantis (1991) refere que o papel dos pais não está unicamente confinado às necessidades biológicas mas também às necessidades psicológicas de se sentir amado, estimulado e sobretudo à necessidade de umsentimento de continuidade da sua vida para que assim sejam evitados traumas na personalidade da criança que emergem pelo sentimento de separação e perda dos objectos amados. Contudo, esta função não tem necessariamente de ser preenchida pelos pais biológicos, na medida em que, parafraseando Bowlby «o que é fundamental para a saúde mental do bebé ou da criança é a existência de uma mãe ou de uma mãesubstituta» (cit. por Tsiantis, 1991). Segundo Winnicott (cit. por Tsiantis, 1991) a preocupação maternal primária «desenvolve-se gradualmente e torna-se num estado de elevada sensibilidade, durante e especialmente no fim, da gravidez e dura pelo menos algumas semanas após o nascimento da criança», no entanto embora este estado seja favorecido pela experiência da gravidez, o que se observa é...
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