Os móveis da vida

Páginas: 6 (1359 palabras) Publicado: 4 de febrero de 2011
Faz dias que tenho notado uma coisa em mim. A ausência total de motivos, de móvel para empreender o que quer que seja.

Durante um tempo de minha vida o móvel foi a busca da felicidade. Eu entendia a felicidade como a realização de alguma coisa grande e nobre que me dignificasse aos meus olhos e aos dos outros. De alguma maneira a minha obra me eternizaria...

Tive sucessos efracassos. Os fracassos eram dolorosos. Eu simplesmente ficava afundado por um certo tempo. Depois, por muitas vezes eu renascia das cinzas. Nascia de novo em mim, fruto da inconformidade com aquela situação de aniquilamento, fruto talvez da revolta por estar esmagado, fruto ainda de uma esperança e fé em minhas próprias capacidades, fruto de uma crença nas possibilidades que tinha à frente, nascianovamente um impulso vital que me levava a recomeçar. Empreendia de novo algo em que acreditava.

Os sucessos me deleitavam, como que antecipavam o futuro estágio em que me sentiria finalmente realizado. Mas, uma vez galgado um estágio, o horizonte procurado permanecia igualmente distante. Uma coisa que penso colaborou para manter o horizonte sempre distante é que não conseguia conformar-mecom fazer algo grande e nobre. Teria que ser maior e melhor. E isso tornava o horizonte sempre inatingível. E essa intangibilidade desesperadora minou todas as minhas energias e secou completamente a esperança, a fé, relativizou as possibilidades... Ficou o nada, o vazio, a ausência total de sentido... e de móvel. Minha vida parou.

Cada dia me convence mais que o fundo último de minhabusca sempre foi a necessidade de ser amado. Talvez por problemas familiares e de saúde, tenha me sentido negligenciado, deixado de lado, mal amado. Isso terá desencadeado em mim tanto uma insegurança afetiva, que busca afirmar-se, uma busca de preencher um vazio insuportável. Muito cedo notei o estado de solidão em que estava recluído, assim como todo homem. Notei a ausência de amor nas relaçõesentre as pessoas. Notei como cada um sempre procura o seu próprio interesse. Percebi como o que chamamos de amor no fundo se resume em comércio, troca, barganha. Percebi que era incapaz de amar senão a mim mesmo. Percebi que também não era realmente amado de ninguém... Juntando isso ao fato de que me era impossível vencer-me a mim mesmo em certas paixões, e ao fato de que havia desistido de chegar aohorizonte da vida... apareceu a terra revolvida em que o querigma pôde ser semeado.

O amor de Deus, a possibilidade do amor entre os homens, a transformação do homem a partir de dentro, a nova humanidade, a vida eterna sem fim, a plenitude ou felicidade como participação da vida divina que é amor, tudo isso era até mais do que eu precisava para esperar ainda alguma coisa da vida.Acreditei, empreendi o caminho, esperando chegar a um novo horizonte.

No início, como era de se esperar, o choque com a própria incapacidade de atingir o horizonte. Não incapacidade circunstancial ou pessoal, mas estrutural e essencial. A vida nova era sobrenatural, dom, obra de Deus e não conquista humana. A obra de Deus acontece no limite da capacidade humana. O limite é consciência de si epossibilidade de experiência de Deus. Ele faz que possamos fazer por Sua força o que não podemos fazer pela nossa.

Ainda ficava a esperança de um dia ser transformado. Chegar a um estágio em que a vida nova seria uma constante. Como havia feito, precariamente, algumas experiências do poder de Deus, pensava que o fim seria chegar a viver isso de maneira habitual. Mas acabei descobrindo queisso só acontecerá depois do fim.

Nesse plano parece que a vida nova será sempre pontual. Ação de Deus em determinado momento, que passa. Dá a impressão de que não há um ponto de chegada. Nem tampouco há graus de evolução ou conquista. A conquista parece ser sempre a consciência do próprio limite, fé esperançosa que leva a esperar e apoiar-se em Deus, intervenção livre e gratuita de Deus...
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