À espera da ciência

Páginas: 50 (12407 palabras) Publicado: 23 de marzo de 2011
À ESPERA DA CIÊNCIA

UM MUNDO DE FATOS PRÉ-INTERPRETADOS

ALBERTO OLIVA

(Prof. Do Depto de Filosofia da UFRJ, Pesquisador 1-A do CNPq.
e-mail: aloliva@uol.com.br)

RESUMO

Este artigo tem por objetivo mostrar que o naturalismo que apregoa a necessidade de as ciências sociais imitarem os procedimentos metodológicos empregados pelas ciências naturais se revela contraproducente por nãolevar em conta que as teorias sociais, em muitos casos, lidam com fatos pré-interpretados. E que esse tipo de “material empírico” demanda a elaboração de uma metodologia capaz, indo além das meras intenções programáticas, de efetivamente apreender a significatividade presente nos fatos da vida societária. Para tanto, desponta como imperioso construir teorias sobre “teorias” que possam ser avaliadasem termos de seu poder de compreender, de modo elucidativo ou crítico, a natureza do significado inerente aos “objetos” estudados.
Palavras-chave: naturalismo; fatos pré-interpretados; significado; ação; compreensão da compreensão.

WAITING FOR SCIENCE

A WORLD OF PREINTERPRETED FACTS

This article aims at demonstrating that naturalism, in so far as it defends the thesis that socialsciences must imitate the methodological procedures employed by natural sciences in order to produce well-grounded explanations, turns out to be useless. The main reason for naturalism’s failure is that social theories deal with preinterpreted facts. And such a kind of “empirical stuff” demands the creation of a methodology able to capture, beyond mere programmatic intentions, the intrinsic meaningexhibited by several kinds of social facts. In order to attain this aim social research has to construct theories about “theories”, that is, explanations capable of being evaluated by their power of clarifying, through an analytical or a critical approach, the kind of meaning embeded in the “objects” investigated.
Key-words: naturalism; preinterpreted facts; meaning; action; understanding ofunderstanding.

1. Naturalismo vs. Antinaturalismo nas Ciências Sociais

Muito se tem debatido, ao longo do século XX, a respeito do que torna científica uma teoria. A cientificidade postulada por algumas das mais importantes e influentes teorias sociais tem sido com freqüência questionada. A psicanálise, o materialismo histórico e a sociologia compreensiva têm sofrido duros ataques por partede vertentes teóricas que gostam de se apresentar, com ou maior ou menor legitimidade epistemológica, como “guardiãs do método científico”. Disputas metodológicas endêmicas têm favorecido o amplo questionamento dos resultados alcançados pelas ciências devotadas ao estudo dos fatos psicossociais. De certa forma, mantém-se atual o duro veredicto de Poincaré (1912, p. 12-3): “cada tese sociológicapropõe um método novo (...) o que faz com que a sociologia seja a ciência com o maior número de métodos e o menor número de resultados”. Merton (1971, p. 140) assinala que “os sociólogos foram, por muito tempo, hierofantes da metodologia, de forma tal que talentos e energias foram desviados da tarefa de construir uma teoria substantiva”.
É claro que a existência de Escolas, o mais das vezescom diretrizes metodológicas e opções ontológicas conflitantes, tende a impedir que as construções explicativas das ciências sociais conquistem aceitação universal. O permanente entrechoque entre óticas metodológicas rivais, junto com a geração de resultados substantivos parcamente comparáveis, torna imperioso enfrentar a problemática do valor cognitivo das teorias sociais. Sem falar que aespecificação do estatuto ontológico das “coisas” que compõem o mundo social acaba também por suscitar caudalosa polêmica. Uma análise, ainda que perfunctória, da diversidade explicativa nas ciências sociais torna inevitável enfrentar a questão relativa a como podem subsistir tantas diferenças entre teorias que pretendem se aplicar, ao menos nominalmente, aos mesmos fenômenos.
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