Celestina

Páginas: 64 (15983 palabras) Publicado: 15 de febrero de 2011
Alguns aspectos da religiosidade em La Celestina, de Fernando de Rojas
 
 
Teresa Cecília de Oliveira Ramos
Universidade de São Paulo
 
 
Abordar temas relacionados à religiosidade na obra La Celestina pode parecer em si uma proposta paradoxal, já que a história se desenrola em um contexto que poderíamos classificar de profano, em que a existência está limitada ao plano terreno e seuspersonagens em momento algum procuram recorrer ao transcendente como forma de solução ou consolo aos problemas e à realidade que enfrentam.
Poderíamos dizer que na obra de Rojas os personagens se movem no nível da existência e seus desejos e anseios têm sempre como referência a realização concreta no nível da realidade que enfrentam: riqueza para sair da pobreza; realização carnal do amor;continuidade da vida pela perpetuação, na figura dos filhos, da riqueza alcançada, por exemplo.
No entanto, a presença do que poderíamos chamar de uma ''cultura religiosa'' é evidente, seja nas expressões coloquiais do dia-a-dia (como uma saudação ou uma manifestação de surpresa), seja inserida entre as muitas ''fontecicas de filosofía'' que compõem a grande maioria dos diálogos, ou nas constantescitações bíblicas.
No início do segundo ato de La Celestina, por exemplo, ao ser indagado por Calisto se agira bem ao dar cem moedas de ouro a Celestina como adiantamento de seus serviços, Sempronio irá responder longamente. Citamos aqui um fragmento dessa fala:
Sempronio: [...] Allende remediar tu vida, ganaste muy gran honra. Y ¿para qué es la fortuna favorable y próspera sino para servir a la honra,que es el mayor de los mundanos bienes? Que ésta es premio y galardón de la virtud. Y por eso la damos a Dios, porque no tenemos mayor cosa que le dar; la mayor parte de la cual consiste en la liberalidad y franqueza. A ésta los duros tesoros comunicables la escurecen y pierden, y la magnificencia y la liberalidad la ganan y subliman. ¿Qué aprovecha tener lo que se niega aprovechar? Sin duda tedigo que es mejor el uso de las riquezas que la posesión dellas. ¡Oh qué glorioso es el dar! ¡Oh qué miserable es el recebir! (ROJAS, 2001).
Neste fragmento, permeado de refrões e citações aristotélicas, Sempronio tenta demonstrar a Calisto que seu ato se situa num plano elevado. O que ele resumidamente argumenta é que o ato de seu amo foi um ato nobre, com o qual comprava e engrandecia sua honra.Em sua argumentação, Sempronio vai paulatinamente introduzindo novos dados que, colocados juntos, se tornam ambíguos. A honra é um bem mundano e cabe ao homem utilizar sua fortuna – os bens materiais – para adquiri-la. A comprovação da virtude desse ato está em que os bens mundanos, para que tenham valor, têm que ser compartilhados, o que justificaria a nobreza de Calisto ao ''dividir'' seus benscom Celestina. Toda essa argumentação, que até aqui se situa num nível de conduta humana, já seria em si irônica se pensarmos que na realidade Calisto está efetivando um ato de compra dos serviços de Celestina para a conquista de Melibea, o que em si não teria nada de nobre ou honroso. Mas a contraposição entre o enfoque de Sempronio e o real sentido dos atos implicados se faz ainda maior pelacitação de alguns preceitos religiosos judaico-cristãos: o valor humano de saber dar sem esperar nada em troca (''qué glorioso es el dar ... qué miserable es el recibir'') e a muito ambígua frase ''Y por eso la damos [la honra] a Dios, porque no tenemos mayor cosa que le dar'', ou seja, a honra, uma qualidade mundana, que pode ser alcançada na direta proporção dos bens materiais que se possui, éoferecida a Deus, ou, pelo deslocamento dos conceitos, busca-se agradar a Deus por meio de um ato terreno e profano de compra, que ao fim e ao cabo seria o bem mais importante a ser oferecido a Deus, ou ao menos o único que nos é possível.
O que se está efetivando aqui é o esvaziamento de uma conduta moral religiosa, que baseia a salvação da alma nas boas ações do ser humano, com base num...
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