A Aplicação Da Lógica Gerencial Na Judicialização Das Políticas De Saúde No Brasil
A aplicação da lógica gerencial na judicialização das políticas de saúde no Brasil
Autora: Cláucia Piccoli Faganello
Universidade Estadual do Rio Grande do Sul – UERGS
Correio eletrônico:claucia.f@gmail.com
Área de trabalho: Administración pública y políticas públicas
Mesa: O Impacto do Modelo Gerencial na Administração Pública e nas Políticas Públicas: A Privatização da Saúde no Brasil.
Resumo
No Brasil, o direito fundamental a saúde passa a ser garantido pelo Estado com o advento da Constituição Federal de 1988 e a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) em 1990. Apartir desses marcos, todos os cidadãos tem direito a atendimento público, universal e de qualidade, o que infelizmente não vem ocorrendo no cenário brasileiro. A fim de garantir esse direito fundamental, cada vez mais pessoas buscam o poder Judiciário, que acaba exercendo um papel de garantidor do que já está positivado em lei, fenômeno conhecido como a judicialização das políticas de saúde noBrasil, o qual é foco desse estudo.
Sumário
Introdução
1 O direito a saúde
1.1 A criação do SUS
2 O modelo de Administração Pública Gerencial
3 O papel do Judiciário
4 A aplicação da lógica gerencial na judicialização das politicas de saúde no Brasil
Conclusão
Bibliografia
Introdução
A aprovação da Constituição de 1988 no Brasil traz um grande avanço no que tange aAdministração Pública brasileira, mas que pouco durou, pois o que visualizamos no texto constitucional se contradiz com as iniciativas do Estado brasileiro. O retrocesso ao processo se inicia com o Plano de Reforma do Estado do Ministério da Administração, no governo de Fernando Henrique Cardoso, que torna a Constituição um documento sem eficácia plena. Muitas mudanças ocorrem, os serviçosessenciais passam a ser privatizados, os quais deveriam ser prestados pelo governo através de empresas públicas, e a saúde não fica de fora, ao ser objeto de privatizações, os direitos assegurados constitucionalmente ficam no papel e o setor de saúde se torna parte essencial do mercado.
Este texto tem por objetivo analisar o processo de judicialização da saúde no Brasil, este derivado das limitaçõesimpostas ao sistema público de dar conta das demandas da cidadania, que para ver seu direito fundamental assegurado busca a garantia através do Judiciário. Como objetivos específicos o texto pretende analisar: o direito a saúde, a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), o surgimento de modelo de Administração Pública Gerencial e o papel do poder Judiciário.
Como método utilizamos oanalítico-histórico, também conhecido com método das duas pontas, buscando proceder a análise dentro de uma perspectiva histórica. Este estudo se justifica pela relevância do acesso da população aos direitos fundamentais garantidos na Carta Magna.
1 O direito a saúde
A Constituição Federal de 1988 destina um capítulo à Seguridade Social (art. 194 ao art. 204), essa que deve ser compreendida como umconjunto de ações dos poderes públicos e da sociedade, que se destinam a assegurar o direito à saúde, previdência e assistência social. O direito social da Seguridade está previsto no art. 6º da Magna Carta brasileira.
O direito à Saúde é um direito de todos os cidadãos e um dever do Estado brasileiro, que deve garantir o acesso universal, igualitário e gratuito à saúde, e adotar políticas quepossibilitem a diminuição do risco de doenças. Ou seja, é responsabilidade do Estado fazer com que o esse direito alcance seus cidadãos em uma totalidade, ao mesmo tempo em que deve propiciar um ambiente adequado para o controle e o tratamento de doenças. Cabendo a ele também a regulamentação, a fiscalização e o controle de ações e serviços relativos à saúde.
1.1 A criação do SUS
A partir da...
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